quarta-feira, 17 de julho de 2013

Resenha: Gone



Gone: O Mundo Termina Aqui, de Michael Grant. Ano: 2008

Sinopse: Em um piscar de olhos, todos com mais de 14 anos desaparecem. Restam adolescentes e crianças. Não existem mais professores, nem policiais, nem médicos, nem pais. Não há como descobrir o que aconteceu, nem como conseguir ajuda. Os animais estão sofrendo mutações, e os próprios jovens estão mudando, desenvolvendo novos talentos — poderes inimagináveis, perigosos, mortais —, que ficam mais evidentes a cada dia. É um mundo novo e assustador. É preciso escolher um lado e a guerra é inevitável.





Olá todo mundo! Em primeiro lugar eu queria dizer que tirando os trabalhos de Iracema e O Crime do Padre Amaro que eu fiz pra escola, essa é a primeira resenha que eu escrevo, então vamos ver no que dá.
Bem, antes da história propriamente dita o livro conta com dois mapas, um das ruas da cidade da história e o outro de toda a área cercada pela misteriosa barreira que aparece do nada. A narração é em terceira pessoa e de cara já começa com um fato nada comum na escola da cidade de Praia Perdida. 
"NUM MINUTO O professor estava falando sobre a Guerra Civil. No minuto seguinte, desapareceu."

É a primeira frase do livro. Simples assim. Não demora muito tempo até os alunos perceberem que todos os professores e alunos mais velhos tinham sumido e a confusão tomar conta do local. Sam Temple, o protagonista, Quinn Gaither, seu "melhor e provavelmente único amigo", e Astrid Alliston, ou Astrid Gênio, como ela é conhecida,se juntam e descobrem que todos com 15 anos ou mais desapareceram. Logo, a organização do ambiente escolar passa a vigorar na cidade: os fortões mandam, e os fracos obedecem. Tristes destes últimos, que assim como os leitores, pensam que os valentões vão ser seus piores problemas.
Até que chegam - em uma carreata triunfal - os alunos da Academia Coates. Ricos e engomadinhos, encabeçados por Caine, Diana e Drake eles rapidamente eles se aproveitam da situação de pânico e domam os valentões, assumindo o controle da cidade. Um elemento distópico é bem sutil, mas está aí: quantas vezes nós não somos criancinhas assutadas esperando que os governantes passem a mão na nossa cabeça e nos digam que está tudo bem?
Temos alternância do ponto de vista, acompanhando personagens que à primeira vista não têm ligação com os acontecimentos, mas que com o tempo vamos vendo que são peças cruciais. Uma coisa notável no livro é o modo como os personagens são bem construídos e tão bem entrelaçados que parecem reais. As personalidades deles são realistas. Ao longo da história, não tem sequer um deles que não cometa um erro por causa de seus defeitos, e eles são bem visíveis.

Além do mais, todos os personagens são fortes; não tem aquele peso morto. Cada um deles acaba tendo um papel de ajudar na história que mais cedo ou mais tarde se revela. Até porque essa é uma característica marcante do livro: depois que se define os que lutam pelo bem e os que lutam pelo mal, o espírito de comunidade é muito forte. Tenho que dizer que os vilões são incríveis. Como o resto dos personagens principais de Gone, às vezes é estranho imaginar que eles têm só 14 anos. Vou usar a frase da Diana:
"Drake é doente da cabeça. Não digo isso para amedrontar, estou dizendo por que é verdade. Eu sou má, Caine tem delírios de grandeza, mas Drake é completamente louco."
Aliás, ela tem as melhores frases do livro. Extremamente calculista e manipuladora, é ainda mais perigosa do que parece. E Drake, fora do juízo, lentamente desponta como uma ameaça tão forte quanto o próprio Caine. As coisas chegam ao ponto de ambos os lados se prepararem para uma guerra pelo controle da cidade. Acontecem algumas cenas chocantes, visto a idade dos personagens.
"Pessoas apavoradas faziam coisas apavorantes, até mesmo crianças."
Mas a atitude audaciosa dos vilões não tira a atenção dos "mocinhos", se é que podemos chamá-los assim. Principalmente Quinn e Sam, que são constantemente tentados por suas próprias mentes a desistirem, quando o errado parece mais fácil que o certo. A única coisa que chega a ficar deslocada na história é o romance do Sam e da Astrid que menos de duas semanas depois de se conhecerem já dizem que se amam. Hormônios à flor da pele, talvez?

Também parabenizo o autor pelo clima impressionante do livro. Até os nomes dos personagens (coisa que eu considero importantíssima), não sendo muito comuns, ajudam a dar vida a uma cidadezinha isolada pelas montanhas e o mar, com toda a beleza da Califórnia. Ao mesmo tempo, a menção a pessoas como Jack Johnson e o ex-presidente Theodore Roosevelt, obras famosas como Harry Potter e Stardust, em conjunto com a charmosa presença de um Mc Donald's, causam uma identificação instantânea. "E se fosse eu no lugar deles?" Várias vezes eu imaginei.

Mais brutal do que alguns eventos do livro, só mesmo o impacto que ele causou. O final, deixando a ponta solta para uma sequência, não poderia ter sido melhor. Não se enganem com a simples classificação de distopia. Sem dúvida os questionamentos levantados por Gone não deixam espaço para comparações com Jogos Vorazes, Divergente ou nenhum outro do gênero. Temas como assassinato, bulimia, abandono infantil e abuso de poder são abordados do ponto de vista de simples adolescentes. Mas a principal reflexão tirada dessa leitura vai depender da resposta de cada um à seguinte pergunta: Quem eu seria se não houvesse adultos por perto para me dizer o que fazer?

"Nós não fizemos esse mundo, somos só os pobres coitados que moramos nele."

6 comentários:

  1. Hey,
    tinha começado a ler Gone em pdf mas desisti lá pra página 60 porque cismei que leria o físico. Acabou que não li em nenhum dos dois jeitos, infelizmente. Porém, ler sua resenha só aumentou minha vontade de continuar lendo.
    Adorei os quotes que você colocou, e a resenha toda está diva.
    Parabéns pelo blog *-*

    Bye,
    Ias

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    1. Hey Ias! Eu acho o preço do livro de Gone fora do normal, sem falar no frete pra quem mora longe e precisa comprar na internet porque a cidade não tem livrarias decentes (isso mesmo). Lê que eu te garanto que tu não vai querer parar. Valeu por tudo, até.

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  2. Olá Matheus, bem eu já li Gone e mesmo assim resolvi ler sua resenha! Pq qualquer coisa relacionada a Série Gone me atrai. E tipo, VOCÊ ESCREVE MUITO, MUITO BEM MESMO!! A resenha, realmente ficou ótima, você conseguiu captar todas as informações necessárias do livro, e o melhor sem dar spoiler algum. E eu ainda não tivesse lido o livro com certeza iria ler só por causa da sua resenha!

    Em relação aos nomes dos personagens, eu também achei uma jogada de mestre do autor, meio que já podemos ter uma noção de como o personagem pode vir a ser na estória.

    P.s: é mais uma dica, em relação ao visual do seu blog, tente usar algo com um fundo branco, no lugar do preto. Acredite eu aprendi isso da pior forma possível.
    Abraços e até.

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    1. Emp rimeiro lugar valeu por ter vindo aqui e lido essa resenha enorme mesmo tendo lido Gone. Nossa, receber um elogio desse ainda mais de quem já leu o livro! Eu acho que ela ainda ficou muito grande mas espero melhorar com o tempo, a gente pega a prática... Ah, também me disseram essa do fundo preto, dá uma coisa na vista ler assim. Eu tô fazendo o possível pra arranjar um visual decente pro blog o quanto antes, valeu pelo alerta, valeu por tudo, até.

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  3. Olá, Matt :]
    Quando eu ouvi falar sobre Gone na internet eu nunca havia lido algo do gênero distópico e nem me interessei muito pelo livro, na verdade nunca tinha parado para ver do que o livro se tratava. Agora que passei a me interessar por distopias e que parei para ler a sinopse e a sua resenha eu acho que deva ser uma ótima leitura. Realmente nunca parei para pensar sobre o assunto do livro e também não saberia te responder caso me fizesse a pergunta ''Quem eu seria se não houvesse adultos por perto para me dizer o que fazer?''. Quando eu tiver a oportunidade de ler Gone, não irei recusar, me parece uma boa história.
    Até mais e sucesso com o blog,
    Beijos.

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  4. É, o livro não é bem novo, mas com o sucesso de THG principalmente, um bocado de gente se interessou por distopias e ele começou a fazer mais sucesso... ainda bem. É como eu disse, o livro não é uma distopia como as que eu mesmo tava acostumado a ver, o foco n é o governo, somos nós mesmos. É bem diferente, recomendo demais. Sucesso pra nós todos, até.

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